31 de março de 2025
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Em artigo ao jornal ‘The Wall Street Journal’, María Corina Machado afirma que pode provar que oposição venceu a eleição na Venezuela e denuncia perseguição por governo Maduro. Corina Machado disse que governo brasileiro está protegendo seus assessores. A líder da oposição venezuelana Maria Corina Machado observa uma seção eleitoral durante a eleição presidencial do país, em Caracas, Venezuela, em 28 de julho de 2024.
Leonardo Fernandez Viloria/Reuters
Ameaçada de prisão após as eleições, María Corina Machado disse que está escondida e que teme pela sua vida em artigo ao jornal americano “The Wall Street Journal” nesta quinta-feira (1º).
Corina Machado é a principal opositora do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e está sendo investigada pelo Ministério Público venezuelano, alinhado a Maduro, junto com o candidato de oposição Edmundo González.
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Maduro disse na quarta (31) que Corina Machado e Edmundo González “têm que estar atrás das grades” e os convocou a “deixarem de ser covardes” e “se apresentarem ao MP para dar a cara a tapa”. O presidente também prometeu que “a Justiça vai chegar” para eles.
“A maior parte da nossa equipe está escondida e, depois que sete missões diplomáticas foram expulsas da Venezuela, meus assessores na embaixada argentina estão sendo protegidos pelo governo do Brasil. Posso ser capturada enquanto escrevo estas palavras”.
Maduro foi declarado vencedor das eleições do último domingo (28) com 51,2% dos votos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) na segunda-feira (29). O resultado é contestado pela oposição e pela comunidade internacional, que acusam a autoridade eleitoral venezuelana, alinhada a Maduro, de falta de transparência e demandam a publicação dos resultados das urnas.
A oposição de Maduro afirma que Edmundo González venceu as eleições com 67% dos votos –contra 30% do presidente– e realiza uma apuração paralela das atas eleitorais. Em meio a protestos nacionais contra o governo que tomaram o país nesta semana, Corina Machado exigiu que o CNE liberasse as atas.
Corina Machado disse que escreveu o artigo “escondida, temendo pela minha vida, minha liberdade e dos meus compatriotas sob a ditadura liderada por Nicolás Maduro”. No texto, entitulado “Posso provar que Maduro foi derrotado”, a opositora reiterou o pedido de apoio da comunidade internacional.
Machado e González lideraram uma manifestação em Caracas nesta terça-feira (30), mas não são vistos em público desde então. Maduro colocou as Forças Armadas e policiais nas ruas da Venezuela para coibir as manifestações e pediu a prisão de pessoas envolvidas nos protestos e seus organizadores.
Favorita para derrotar Maduro nas eleições, Corina Machado foi impedida de concorrer em janeiro pelo Supremo Tribunal de Justiça venezuelano, alinhado ao presidente.
Artigo de María Corina Machado no The Wall Street Journal
Reprodução

Corina Machado e González ‘deveriam estar atrás das grades’, diz Maduro
Maduro disse nesta quarta (31) que seus principais opositores, María Corina Machado e Edmundo González Urritia, “têm que estar atrás das grades”.
A fala do presidente, que segundo ele é uma “opinião na condição de cidadão”, foi uma resposta a uma repórter Madeleine García, da TV venezuelana “Telesur”, durante coletiva com membros da imprensa nacional e internacional.
“Se você pergunta minha opinião como cidadão, digo a você que essa gente (Corina Machado e González) têm que estar atrás das grades e que tem que haver Justiça na Venezuela. Te diria como chefe de estado que haja Justiça e que eles deveriam, em vez de se esconder, apresentar-se ao Ministério Público e dar a cara a tapa”, disse Maduro. Ele foi aplaudido por alguns presentes.
Presidente Nicolás Maduro em coletiva de imprensa com jornalistas estrangeiros
Reprodução/Reuters
Maduro também voltou a chamar seus opositores de covardes, fascistas e criminosos e os acusou novamente de estar por trás dos protestos que tomaram o país contra os resultados das eleições.
Maduro afirmou também que há uma tentativa de golpe de estado em curso contra a Venezuela, que seria articulada pela oposição e pela comunidade internacional. Antes das eleições, o presidente venezuelano acusou a mídia internacional presente no país para observar o pleito de ser “assassinos de aluguel”.
“Não hesitarei para chamar o povo a uma nova revolução, nós não nascemos no dia dos covardes”, disse o presidente venezuelano.
Pedido para Suprema Corte apurar atas eleitorais
Mais cedo nesta quarta, Maduro disse que pediu à Suprema Corte do país que conduza uma auditoria da eleição presidencial.
A decisão do presidente venezuelano, que também disse que seu partido está pronto para mostrar a totalidade da apuração das atas eleitorais, vem em meio a apelos internacionais para a divulgação da contagem detalhadas de votos depois que a oposição contestou sua vitória.
O Supremo Tribunal de Justiça venezuelano, assim como o Conselho Nacional Eleitoral, que atestou a vitória de Maduro, é alinhado ao presidente.
Favorita para derrotá-lo nas eleições, a líder da oposição, María Corina Machado foi inabilitada para ocupar cargos públicos por 15 anos em uma decisão do órgão de janeiro deste ano.
Mais cedo, nesta quarta, o Centro Carter, órgão de monitoramento internacional que acompanhou a eleição de domingo (28) como observador, atestou que ela “não atendeu aos padrões internacionais de integridade e não pode ser considerada democrática” e que a autoridade eleitoral “demonstrou claro viés” em favor do atual presidente Nicolás Maduro.
Em resposta, Maduro disse que a nota do Centro Carter já estava pré-escrita e apenas com alguns detalhes para preencher.
Antes, a Organização dos Estados Americanos (OEA) havia afirmado também não reconhecer o resultado da eleição. Disse haver indícios de que o governo Maduro distorceu o resultado.
Corina Machado fala em 16 mortes em protestos
María Corina Machado disse que os protestos contra Maduro somaram ao menos 16 assassinatos, 11 desaparecimentos e mais de 177 detenções arbitrárias pelo país desde as eleições. Segundo a opositora, os números são um alerta ao mundo sobre “a escalada cruel e repressiva do regime” de Maduro.
“Diante da contundente e indiscutível vitória eleitoral que nós venezuelanos conseguimos, a resposta do regime é assassinato, sequestro e perseguição. (…) É a resposta criminosa de Maduro ao povo venezuelano que saiu às ruas em família e em comunidade para defender sua decisão soberana de ser livre. Esses crimes não ficarão impunes”, postou Corina.
O número de mortos nos protestos é de 12 pessoas, segundo ONGs que atuam no país e a Procuradoria-geral venezuelana.
Mulher cospe em foto de Maduro em protesto em Maracaibo, na Venezuela
REUTERS/Isaac Urrutia
Suspensão de voos para a Venezuela
Também nesta quarta, após anunciar a suspensão temporária de voos entre a Venezuela e o Panamá, o governo venezuelano ampliou a medida para voos entre o país e o Peru, segundo a Latam.
Em comunicado, a companhia disse que os voos saindo da Venezuela com destino a qualquer cidade peruana e os trajetos contrários estão suspensos até 31 de agosto.
A interrupção acontece um dia depois de a Venezuela romper relações diplomáticas com o Peru, após Lima afirmar que houve fraude nas eleições venezuelanas.
Protestos contra Maduro na Cidade do México
REUTERS/Henry Romero
Protestos contra Maduro em Buenos Aires
REUTERS/Tomas Cuesta
Protestos contra Maduro na Cidade do México
REUTERS/Henry Romero

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